Por: Pedro Henrique Nogueira
Advogado e consultor jurídico. Pós-Doutor (UFPE), Doutor (UFBA) e Mestre em Direito (UFAL). Professor na UFAL (graduação e mestrado). Membro da Associação Norte Nordeste de Professores de Processo (ANNEP), do Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP) e do Instituto Iberoamericano de Direito Processual.



1 de junho de 2011

Pequeno tributo a Calmon de Passos

J. J. Calmon de Passos, saudoso e inesqucível processualista baiano, foi um dos grandes (não só jurista e processualista) pensadores do Brasil. Há uma passagem, em um de seus artigos, que nos convida a uma reflexão profunda sobre o nosso próprio existir nos tempos atuais.
Num ensaio que integrou uma coletânea escrita em homenagem ao professor Humberto Theodoro Jr., intitulada "Execução Civil", publicada pela editora RT, Calmon de Passos, com sua conhecida irreverência, escreve sobre tudo, menos sobre execução. No encerrar de seu texto, chamado "Reflexões, fruto de meu cansaço de viver ou de minha rebeldia?", verbera:

     "nunca fomos tão liberados, em compensação nunca fomos menos livres [...]. Hoje são os shoppings, as casas de shows e os estádios os lugares onde nos encontramos, não para decidir sobre nossos destinos, mas para nos esquecermos momentaneamente da perda do poder de decidir sobre os nossos próprios destinos, enquanto nutrimos o monstro que nos devora.
     Podemos, em face desse desafio, assumir duas atitudes: a do pós-modernismo celebratório, que vive o presente e a embriaguez das conquistas tecnológicas [...]. Ou recusarmos esta auto-imolação e adotarmos uma postura de resistência e de esperança. O passado nos ensina que sobre a ruína de toda a civilização os homens souberam reconstruir outra que passou a ser a casa em que habitaram. O fim disto ou daquilo não significa o fim dos tempos nem o fim da história. Muito menos o fim da espécie humana."

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